A Câmara dos Deputados do Brasil chegou a um acordo sobre uma grande reforma do sistema tributário “ineficiente” do país

RIO DE JANEIRO – A Câmara dos Deputados do Brasil aprovou uma grande reforma do notoriamente complexo sistema tributário do país na sexta-feira, mostrando potencial para um acordo entre o Congresso conservador e o presidente de esquerda Luiz Inácio Lula da Silva.

A tão esperada reforma tributária visa simplificar o sistema, amplamente considerado excessivamente oneroso tanto para indivíduos quanto para empresas, e impulsionar o crescimento econômico que oscilou entre quedas e recessões na última década.

O Brasil terá a primeira reforma tributária do período democrático. “Momento histórico e grande vitória do país”, disse Lula no Twitter.

A votação na Câmara segue décadas de tentativas de reformar o sistema atual de forma abrangente. A medida seguirá agora para o Senado. Se forem feitas alterações importantes, a proposta voltará à Câmara dos Deputados para votação final.

“Nenhum brasileiro está feliz com o cenário atual”, disse Lira. “Todo mundo quer um sistema tributário simples e eficiente.”

Uma emenda constitucional exige uma maioria de 60% em dois turnos de votação antes de seguir para o Senado. Passou facilmente por uma margem maior de 3 a 1 nas duas votações. Quando os resultados foram exibidos na gigantesca tela de televisão do Congresso, os membros do Congresso responderam com vivas e aplausos.

“A aprovação mostra que há uma disposição das elites políticas do Brasil em adotar posições pragmáticas – um afastamento do passado recente carregado de postura ideológica e de baixo peso na formulação de políticas públicas”, disse Maira Goulart, professora de ciência política na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Janeiro.

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Um dos principais apoiadores da reforma foi o governador do estado de São Paulo, Tarcisio de Freitas, cujo nome foi apresentado como o porta-estandarte da direita política desde que Bolsonaro foi proibido de concorrer a um cargo por oito anos. De Freitas apoiou o projeto de lei após negociações com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na quarta-feira.

Mas a aprovação da lei ocorreu após uma alocação recorde de fundos para legisladores para projetos em seus estados de origem, revelando a dependência do governo de doações para angariar votos para avançar em sua agenda econômica.

Bolsonaro tem sido um oponente declarado da reforma, que ele disse na terça-feira no Twitter é “um soco no estômago dos mais pobres”. Antes da votação, um representante de seu partido – o maior da Câmara dos Deputados – disse em um breve discurso que os membros do partido se opõem à proposta, descrevendo-a como injusta.

Bolsonaro estava fazendo uma tentativa “devastadora e irracional” de enquadrar a reforma como uma busca apenas pelo poder executivo, de acordo com Samuel Pessoa, economista da Fundação Getulio Vargas, uma universidade e centro de estudos.

“O apoio do executivo é fundamental… mas essa reforma funcionou porque há um consenso de que o sistema atual atingiu seus limites, está cada vez mais inviável e está desacelerando os negócios no Brasil”, disse Pessoa.

O site da Câmara detalhando a proposta foi além, chamando o sistema atual de “complexo, ineficiente, ineficiente, desequilibrado e injusto”.

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O sistema gera divergências de interpretação, leva a litígios demorados e exige que as empresas contratem pesadamente departamentos de contabilidade. Isso reduz os orçamentos para áreas como pesquisa e desenvolvimento e desencoraja o investimento estrangeiro.

“Quando uma empresa multinacional opera no Brasil, ela precisa de 20 a 30 vezes mais contadores do que em outros países. O Brasil tem o maior custo de conformidade do mundo”, disse Pessoa.

Se aprovada pelo Senado, a reforma consolidaria os cinco principais impostos em dois impostos sobre valor agregado: um federal e outro a ser dividido entre estados e municípios.

Também imporá impostos sobre os bens onde são consumidos e não onde são produzidos, na tentativa de acabar com as guerras fiscais entre países que buscam atrair investimentos oferecendo benefícios e prejudicando uns aos outros. A implementação começará em 2026, com transição completa para o novo sistema em 2033.

Para cumprir as ambições redistributivas, a reforma propõe um sistema de reembolso, permitindo que as famílias de baixa renda reivindiquem o reembolso de parte de seu imposto sobre o consumo. Os critérios de elegibilidade ainda não foram determinados.

“Uma boa reforma tributária aborda a desigualdade e este é um primeiro passo importante”, disse Carla Penne, outra economista da Fundação Getulio Vargas. “Mas alcançar esse objetivo também depende da reforma do imposto de renda.”

Penny disse que essa reforma está em andamento e pode ser votada no final deste ano ou no início de 2024.

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