Ministro da Fazenda brasileiro: Lula pretende nomear Galipolo para chefiar o Banco Central

Escrito por Marcella Ayers

BRASÍLIA/SÃO PAULO (Reuters) – O ministro da Fazenda brasileiro, Fernando Haddad, disse nesta quarta-feira que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva escolheu o diretor de política monetária do banco central, Gabriel Gallipolo, para ser o próximo governador da instituição, substituindo Roberto Campos Neto, cujo mandato termina em dezembro.

“É uma grande honra e uma grande responsabilidade e estou muito feliz”, disse Gallipolo aos repórteres em Brasília ao lado de Haddad.

Era amplamente esperado que ele fosse nomeado.

A Comissão de Assuntos Econômicos do Senado deve confirmar a nomeação de Gallipolo antes que ela seja enviada ao plenário do Senado para aprovação em janeiro.

Haddad disse que o Senado saberá quando será o “melhor momento” para realizar a audiência de Gallipoli.

Uma fonte familiarizada com o assunto, que falou sob condição de anonimato, disse que a audiência no Senado deverá ser realizada em 10 de setembro, perante a Comissão de Assuntos Econômicos do Senado.

Isso permitiria que Galipolo obtivesse luz verde dos senadores antes da próxima reunião de política monetária, nos dias 17 e 18 de setembro, em linha com a estratégia do governo de aumentar a importância de suas declarações à medida que se aproxima a data da saída de Campos Neto.

Em nota à imprensa, o atual governador Campos Neto parabenizou seu sucessor e afirmou: “A transição será realizada da maneira mais tranquila possível, mantendo a missão da instituição”.

Após este anúncio, o real brasileiro caiu ainda mais em relação ao dólar americano, enquanto as taxas de juros futuras subiram.

Segundo Haddad, o governo agora se concentrará na escolha do substituto para Galipolo como Diretor de Política Monetária, bem como nas próximas nomeações para Diretores de Regulação e Relações Institucionais, que deverão ser feitas até o final do ano.

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Ex-segundo no comando do Ministério da Fazenda, Gallipolo é um economista de 42 anos com mestrado em economia política pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.

Seu relacionamento próximo com Lula começou em 2021 devido a seus laços de longa data com Luiz Gonzaga Belloso – principal assessor de Lula e professor de economia na Unicamp, universidade paulista conhecida por seu pensamento não convencional – e com quem Galipolo é coautor de livros sobre economia.

Fora da academia, Gallipolo é conhecido por sua formação profissional diversificada.

Trabalhou como assessor econômico do governo do estado de São Paulo no governo do governador de centro-direita José Serra, familiarizou-se com os mercados financeiros como CEO do banco de investimentos Banco Fator e trabalhou como consultor em parcerias público-privadas.

Os recentes comentários agressivos de Galipolo na sua qualidade de diretor de política monetária, nos quais sublinhou que um aumento das taxas estava em cima da mesa num cenário de inflação desconfortável, ajudaram a aliviar os preços dos ativos depois de o real brasileiro ter sofrido uma queda acentuada em relação ao dólar americano.

A taxa básica de juros do Banco Selic atualmente é de 10,5%.

A posição de Gallipol contrasta com a sua posição em Maio, quando se aliou a um grupo minoritário de directores de bancos centrais escolhidos a dedo por Lula para pedir um corte mais profundo nas taxas de juro do que a maioria decidiu.

A divisão aumentou o temor de que o banco central se torne mais tolerante com a inflação quando Lula obtiver a maioria de sete escolhas no conselho de nove membros a partir do próximo ano.

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Galipolo enfatizou publicamente que Lula respeita a independência do comitê de fixação de taxas de juros. Ao mesmo tempo, elogiou o desempenho de Campos Neto, dizendo que estava “comemorando a vitória” no final do mandato.

Campos Neto, nomeado pelo ex-presidente de extrema direita Jair Bolsonaro, enfrentou constantes críticas de Lula sobre o que o líder via como altas taxas de juros e a politização do banco central por parte do chefe da autoridade monetária.

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