O Brasil ainda vive o mundo de Neymar na Copa América – e é disso que gosta

Quando se trata de Neymar e da seleção brasileira, a tentação – pelo menos para o observador casual – é presumir que já chegamos ao território da conclusão.

Neymar tem 32 anos. Ele se transferiu do Paris Saint-Germain para o Al-Hilal da Arábia Saudita em agosto do ano passado, onde abraçou sua irrelevância no clube. Ele sofreu uma grave lesão no joelho há nove meses e não joga desde então. Mesmo antes disso, ele parecia fisicamente uma força em extinção, e a bela primavera dos cervos de seus primeiros anos tornou-se uma memória distante.

Ao mesmo tempo, o futebol internacional assistiu a uma mudança de guarda. Quinze jogadores participaram pela primeira vez pela seleção brasileira desde a última participação de Neymar, que foi contra o Uruguai, em outubro. Andrik, de 17 anos, rumo ao Real Madrid, é o novo favorito do seu país. Rodrigo veste a camisa 10, e Vinicius Junior é o jogador que a torcida brasileira se agarra nos momentos de perigo.

Então o jogo acabou? Chegamos ao fim da era Neymar?

nada mesmo. Se você olhar um pouco mais de perto, encontrará uma grande sobreposição entre a carreira do Brasil e o mundo de Neymar. Nas palavras de Mark Twain, os rumores sobre sua morte são muito exagerados.

Por outro lado, Neymar até agora tem sido apenas uma presença muito visível fora de campo na Copa América.

Ele esteve em Los Angeles na mesma época da Seleção Brasileira, fazendo trabalhos de reabilitação no mesmo complexo de treinamento que usavam e posando para fotos com Marquinhos, Vinicius Junior e Rafinha. Depois de dois compromissos de negócios – um evento da PUMA e um torneio de pôquer – ele visitou o hotel do time na manhã da partida de abertura do grupo contra a Costa Rica.

READ  Surfe faz sua estreia nos tão esperados Jogos Olímpicos de Tóquio 2020 | Notícias dos Jogos Olímpicos

Neymar assistiu àquela partida no SoFi Stadium, em Los Angeles, em uma poltrona VIP e, sem nada para se animar em campo, foi sem dúvida o protagonista da noite. Câmeras de televisão o capturaram repetidamente, e a multidão aplaudiu cada vez que seu rosto aparecia nos telões do estádio.


Neymar assiste ao jogo Brasil x Costa Rica nas poltronas VIP (Ronald Martinez/Getty Images)

Sua reação à saída de Vinicius Junior foi alvo de muita atenção no Brasil, assim como suas tentativas de manter a calma quando Danilo discutiu com um torcedor após a partida. Nesse momento, Neymar estava em campo. Em seguida, ele se juntou aos jogadores brasileiros no vestiário – ritual que repetiu em Las Vegas quatro dias depois, após vitória por 4 a 1 sobre o Paraguai.

É fácil ver tudo isso como uma distração, ver Neymar como o ex que a gente encontra ou o fantasma da festa. Mas não é isso que os jogadores e a comissão técnica brasileira veem.

Por outro lado, Neymar é amplamente considerado parte do presente e do futuro do Brasil. Ele manteve contato constante com o técnico Dorival Junior e com Rodrigo Caetano, diretor da Seleção Brasileira, que acompanhavam sua recuperação de uma cirurgia no joelho. A expectativa é que ele retorne ao time assim que estiver apto.

Olhando para o futuro, Neymar tem como meta a Copa do Mundo de 2026. Nessa época, ele terá 34 anos, mas com certeza participará, desde que seu corpo aguente. Também será uma escolha popular. A lenda brasileira Ronaldinho disse na semana passada: “Para mim, ele ainda é o melhor. Ele ainda tem muito a oferecer”.

Os jogadores brasileiros concordam com esta opinião. “Posso estar vestindo a camisa 10 no momento, mas é a camisa dele. Só estou mantendo-a aquecida para ele. Estamos esperando ele voltar”, disse Rodrigo antes do início da Copa América.

Esse tipo de reverência é normal dentro da equipe. Já os jogadores menos experientes falam de Neymar com voz tímida e baixa, como se ele fosse um deus. “Neymar é um modelo para todos nós”, disse o lateral-esquerdo Guilherme Arana na semana passada, enquanto Endrik deixou clara sua admiração por ele quando nos contou uma anedota há alguns dias.

Endrick disse: “Eu estava na sala de fisioterapia e ele ligou para o Marquinhos. Só de ouvir a voz dele me deixou feliz. Falei com ele algumas vezes e estou feliz por ele estar aqui. Ele é um cara ótimo e inspirador. Espero poder posso conhecê-lo, tirar uma foto com ele e receber alguns conselhos dele.”


Indrek expressou sua admiração por Neymar (Pierre-Philippe Marcoux/AFP via Getty Images)

Neymar sempre foi uma figura de Peter Pan, o porta-estandarte do desenvolvimento preso – e não apenas porque insiste em acrescentar ‘Júnior’ ao seu nome. Em vez disso, seus críticos o retratam como um garoto pouco sério, obcecado pelo pôquer e cercado por bajuladores risonhos que o ajudam a alcançar seus objetivos. Talvez esses críticos estejam certos até certo ponto.

Mas há outro lado de Neymar. Ele pode não ser um modelo para todos, mas seus companheiros não o admiram apenas por suas habilidades. Ele o apoia em segredo – Marquinhos e Vinicius Junior são particularmente próximos dele – e em público. Em Los Angeles, na semana passada, após o sofrimento que sofreu com o restante da torcida brasileira durante a partida que terminou empatada sem gols contra a Costa Rica, Neymar pediu união. “Eu realmente acredito neste grupo”, disse ele.

READ  Bernardo Silva: Pep Guardiola quer que o meio-campista do Manchester City fique, mas não tem certeza de que ele vai Football News

Essa simpatia foi claramente demonstrada em uma curta entrevista que Neymar conduziu com a YouTuber brasileira Isabella Pagliari na semana passada. Ele falou com carinho de Vinicius Junior e Rodrygo e explicou por que considera seu dever guiar a próxima geração de estrelas do país.

“Eles sabem o quanto me importo com cada um deles”, disse. “Sempre envio mensagens para eles, desejando-lhes boa sorte. Falei com Vinny e Rodrigo antes da final da Liga dos Campeões (com o Real Madrid no início de junho) e depois de vencerem. Eles não são apenas grandes jogadores; eles são seres humanos.” “Eu sempre os apoiarei e os encorajarei.

“Não havia ninguém para me passar o bastão assim. Quando entrei pela primeira vez na seleção, só éramos eu e Deus. Sei como é difícil assumir essa responsabilidade. É por isso que procuro sempre ajudá-los em qualquer situação. maneira que eu puder.”

Isso pode significar agir como um torcedor da Copa América, mas não se iluda pensando que Neymar é assim agora. Ele retornará ao campo.

Até lá, não cometa o erro de ignorar o mundo de Neymar, o Brasil ainda vive nele.

Vá mais fundo

(Foto superior: Lucio Távora/Xinhua via Getty Images)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *