RIO DE JANEIRO (Reuters) – Os países do G20 concordaram em trabalhar juntos para forçar os ricos a pagar seus impostos, mas abstiveram-se de chegar a um acordo mais substantivo, de acordo com uma declaração adotada na sexta-feira após uma reunião de ministros das Finanças no Rio de Janeiro.
A espinhosa questão do tratamento dispensado aos bilionários sonegadores de impostos dominou a reunião de dois dias na cidade brasileira que sediará a cúpula do G20 em novembro.
A iniciativa é uma grande prioridade para o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, que este ano preside o grupo que inclui as maiores economias do mundo, a União Europeia e a União Africana.
Lula esperava impor um imposto mínimo à elite rica, mas a declaração final representa um compromisso sobre uma questão que dividiu os Estados-membros.
“Com total respeito pela soberania fiscal, procuraremos um envolvimento cooperativo para garantir a tributação eficaz de indivíduos com elevado património líquido”, afirma o comunicado.
“A desigualdade de riqueza e de rendimentos prejudica o crescimento económico e a coesão social e exacerba as vulnerabilidades sociais.”
O ministro da Fazenda brasileiro, Fernando Haddad, disse: “Do ponto de vista moral, é importante que os 20 países mais ricos pensem que temos um problema, que é impor impostos progressivos aos pobres e não aos ricos”.
Os Estados Unidos e a Alemanha rejeitaram a necessidade de um acordo global sobre a tributação dos multimilionários, uma iniciativa apoiada pela França, Espanha, África do Sul, Colômbia e União Africana.
“É hora de seguir em frente”
O economista francês Gabriel Zucman, autor de um relatório sobre a tributação dos ricos, congratulou-se com o facto de “pela primeira vez na história, ter havido um consenso entre os países do G20 sobre a necessidade de reformar a forma como tributamos os ricos”.
“Agora é o momento de avançar”, disse o economista vencedor do Prémio Nobel, Joseph Stiglitz, na sexta-feira, instando os chefes de Estado a harmonizarem os padrões mínimos até Novembro.
“Prevê-se que a crise climática custe biliões de dólares todos os anos e é chocante esperar que os contribuintes comuns paguem por ela, enquanto os ricos evitam impostos”, disse Camila Jardim, da Greenpeace Brasil.
À margem das espinhosas discussões fiscais, a secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, e o ministro da Economia brasileiro, Haddad, anunciaram na sexta-feira a assinatura de uma parceria para a proteção climática.
Fundada em 1999, a organização centrou-se inicialmente em questões económicas globais, mas tem assumido cada vez mais a responsabilidade de enfrentar outros desafios prementes – embora os Estados-membros nem sempre concordem sobre o que deveria estar na agenda.
As divisões dentro do G20, do qual a Rússia também é membro, dificultaram a elaboração de uma declaração conjunta no final das reuniões.
As autoridades brasileiras publicaram três textos: uma declaração final conjunta, um documento sobre “cooperação internacional em questões tributárias” e uma declaração separada do Brasil sobre crises geopolíticas.
Mas a declaração final não abordou as guerras na Ucrânia e em Gaza, mas simplesmente referiu-se às “guerras e à escalada de conflitos” como factores de risco para a economia global.
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