Por trás da música deepfake lançada pela filha de Volkswagen

Para comemorar os 70 anos da Volkswagen no Brasil, esta campanha foi lançada MABBPDO Ela usou inteligência artificial para reunir Elis Regina, uma das maiores cantoras brasileiras de todos os tempos, com sua filha María Rita, um ícone moderno com oito prêmios Grammy em seu nome.
Desde que Ellis morreu, há 41 anos, esse encontro significou muito – não só para Maria Rita e demais familiares, mas também para o público brasileiro que a ajudou. O projeto O filme alcançou mais de 50 milhões de visualizações orgânicas nos dias seguintes ao seu lançamento. No topo das listas de mais vistos do Google, Twitter (X) e YouTube, o filme de dois minutos fez sucesso no país e fortaleceu a associação da marca com os brasileiros.

Em conversa com Ben Conway, da LBB, o Diretor Executivo de Criação da AlmapBBDO, Rodrigo Almeida, conta como foi gravado o dueto mãe-filha, como a equipe usou técnicas de deepfake e inteligência artificial para criar a Elis Regina que vemos no filme e por que a história brasileira da Volkswagen está tão intimamente ligada à… AlmapBBDO.

LBB> Como surgiu esse projeto? Como é a sua relação de trabalho com a Volkswagen?

Rodrigo> Começamos a pensar nos 70 anos da Volkswagen no Brasil em setembro passado. Não podíamos deixar passar esta história sem pensar nela e queríamos fazer algo simbólico. Afinal, todo brasileiro tem uma história com a Volkswagen, seja ela um Fosca, Brasília, Combi ou Gol. Esta ligação emocional e nostalgia era algo que apenas a Volkswagen poderia explorar. Entretanto, a marca estava numa fase diferente, trazendo ao mercado modelos elétricos e híbridos e investindo fortemente nos próximos anos. Então, chegamos a um ponto em que tínhamos que honrar o nosso passado poético e ao mesmo tempo olhar para o futuro: a união de gerações.

Não poderíamos nos sentir mais honrados em fazer parte deste projeto. Afinal, dos 70 anos de história da marca no Brasil, a empresa passou 67 deles com a Almap. É a relação agência-cliente mais longa da história da publicidade brasileira. Portanto, a história da Volkswagen, em certo sentido, é também a nossa história.

LBB> De onde surgiu a ideia de reunir duas gerações de pessoas para comemorar os 70 anos da marca? Por que você escolheu Alice, Regina e sua filha?

Em meio ao processo criativo de combinar os 70 anos da marca com a chegada dos carros elétricos ao Brasil, revivendo a poesia do passado e olhando para um futuro novo e brilhante, decidimos criar um reencontro que atravessa gerações, mas nunca aconteceu : dueto cantado por Elis Regina, considerada uma das melhores cantoras brasileiras de todos os tempos, e sua filha Maria Rita, também cantora e oito vezes ganhadora do Grammy Latino.

Ellis morreu quando Maria Rita tinha apenas quatro anos, deixando o país imaginando como seria uma dupla mãe-filha entre esses dois ícones. Acreditávamos que dar às pessoas a oportunidade de assistir ao espetáculo tocaria seus corações e fortaleceria sua conexão emocional com a marca no processo. E assim criamos a primeira versão do roteiro, uma cena encantadora das duas mulheres cantando um clássico brasileiro sobre mudança e relações intergeracionais.

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LBB> Como Maria Rita reagiu à ideia? Houve alguma preocupação em estrelar – e cantar um dueto com – a versão AI de Ellis?

Rodrigo> Neste projeto especial, viramos de cabeça para baixo nossos processos habituais. Antes mesmo de apresentar a ideia à Volkswagen, conversamos com as pessoas que têm maior interesse em proteger a imagem de Elis Regina: Maria Rita e seus irmãos, o cantor Pedro Mariano e o produtor musical João Marcelo Boscoli. Tínhamos que ter certeza de que eles concordavam com a ideia e que fazia sentido. Os três filhos de Ellis concordaram e ficaram imediatamente comovidos com a perspectiva, principalmente porque significava a realização do sonho de Maria Rita de cantar ao lado da mãe. Ela não precisava ser convencida. Ela esteve a bordo desde o primeiro dia.

LBB> Que técnicas de inteligência artificial deram vida à personagem de Alice, Regina, neste filme? Com quais empresas você trabalhou para criar o personagem Ellis?

Rodrigo> A produtora do filme foi a Boiler Films, e para a IA fizemos parceria com a Flow VFX. A produção do filme envolveu extenso treinamento de inteligência artificial – especificamente, codificadores automáticos trabalhando com StyleGAN 3. Ao contrário da tecnologia deepfake tradicional, disponível em sites e aplicativos, esta combinação permite uma mistura perfeita de imagens faciais reais e geradas. Um conjunto de dados inicial é criado usando fotos e vídeos do rosto a ser reconstruído, capturados de todos os ângulos diferentes, em diferentes configurações de iluminação e expressões, para treinar os codificadores automáticos. Estes são divididos em duas categorias – codificador e decodificador GAN – para mapear e reconstruir a identidade de um determinado rosto. Este processo, conhecido como captura de desempenho, permite que modelos de IA rastreiem e mapeiem expressões e movimentos.

Durante a pós-produção, os modelos aprimoram cenas com faces implantadas em uma série de renderizações e estágios. Mesmo depois disso, chega uma fase de tediosos ajustes manuais no nível do quadro para auxiliar a IA corrigindo cores, ajustando a iluminação e removendo artefatos para garantir o realismo visual. O que garante a qualidade da IA ​​é a combinação de algoritmos e o trabalho manual dos artistas na produção do conjunto de dados e na seleção das cenas para chegar à composição final.

LBB>Quais foram os maiores desafios que você enfrentou na criação do AI Elis?

O maior desafio foi encontrar filmagens e fotos de alta qualidade de Ellis Regina. Estamos falando de alguém que não está conosco há mais de quatro décadas. O pouco material que conseguimos encontrar teve que ser retrabalhado. Devido à falta de material de alta qualidade para um determinado período de tempo, tivemos que misturar imagens muito diferentes de Ellis de diferentes períodos de tempo; O Ellis de 1974 parecia muito diferente do Ellis de 1981.

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Quando o computador analisou todos esses rostos juntos, acabou criando um rosto “médio” – o que poderia fazer sentido para o algoritmo, mas não conseguiu se parecer com o artista que todos conhecemos e amamos. Então foi um processo minucioso e minucioso de selecionar as imagens certas, apresentá-las, aplicá-las e trabalhar quadro a quadro para chegar ao resultado final. As pessoas ficaram maravilhadas no momento em que Ellis apareceu no filme dirigindo uma Kombi e todos disseram: “É Ellis!”

LBB> Como foi o processo de gravação do dueto? Quem escolheu a música e por quê?

Rodrigo > Ellis A Regina que você ouve cantando no filme é a voz original dela, sem nenhuma interferência da IA. Utilizando a gravação original de Ilse, Maria Rita gravou sua parte no dueto, valendo-se da voz da mãe para criar sua própria interpretação. Escolhemos “Como Nosos Paes” de Belchior por mais de um motivo: é uma das músicas famosas de Elis, um dos maiores clássicos da história da música popular brasileira, e a poesia da letra falava justamente à nossa mensagem: a música trata da mudança, da relação entre gerações, e termina com a mensagem de que… “O novo está sempre chegando.”

LBB> Você estava no set? Se sim, conte-nos um pouco sobre o processo de produção!

Rodrigo> Claro! Não perderíamos as filmagens por nada no mundo. Sabíamos que seria histórico e inesquecível. Para a cena principal (o dueto), utilizamos três veículos especiais além dos carros que aparecem no filme: um carro-câmera e dois guinchos. Um deles tinha identificação de carro. Buzz com Maria Rita nele. O outro tinha uma Kombi, com uma atriz substituindo Ellis Regina. Essa parte do filme foi filmada em um clube de aviação, por se tratar de um local com extensas pistas. O fundo foi aprimorado na pós-produção para criar uma atmosfera mágica e divertida. O restante do filme foi filmado em três dias distintos em locais diferentes – praias, rodovias, montanhas – para contar mais histórias sobre os brasileiros e seus Volkswagens.

LBB> Qual foi sua reação à peça finalizada? Ver Maria Rita com a mãe e elas cantando juntas deve ter sido um momento emocionante!

Rodrigo> Todos os envolvidos neste projeto foram apaixonados por ele do início ao fim. Há vídeos do momento em que tocamos a peça final pela primeira vez, mas ainda não os compartilhamos com ninguém. Imagine 20 pessoas em uma sala, todas chorando, tremendo e completamente emocionadas. O mais surpreendente é que vimos milhares de pessoas reagindo da mesma forma. O filme foi lançado em evento da Volkswagen para 5 mil parceiros que não sabiam que o projeto estava em andamento. Foi um fluxo de massa em uma enorme academia de São Paulo. As pessoas choravam, se abraçavam e nos mostravam como ficavam arrepiadas ao assistir aquilo.

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LBB>Qual ​​foi o desafio mais difícil que você enfrentou nesta campanha e como você o superou?

O maior desafio de todos foi encontrar uma representação para Ellis que fizesse justiça a uma das maiores estrelas da história brasileira. Além disso, o tempo não estava exatamente do nosso lado. Nosso prazo estava escrito em pedra: Dia do 70º Aniversário da Volkswagen, uma comemoração para cinco mil convidados, incluindo o conselho de administração global. Por uma série de razões logísticas, só terminamos as filmagens cerca de 20 dias antes do evento. Isso significou menos de três semanas de pós-produção intensiva e ajustes profundos de truques e músicas para deixar o projeto pronto a tempo. Por exemplo, Maria Rita só viu o produto final duas horas antes do lançamento do filme.

LBB> Depois que o filme foi lançado, esta campanha teve mais de 50 milhões de visualizações orgânicas e foi tendência em todos os lugares – por que você acha que foi um sucesso tão grande? O que significa para você ver a extensão do sucesso do filme?

Rodrigo> Bem, todos esperávamos sucesso. Tínhamos certeza disso porque todos os comentários que recebemos nos deram essa impressão. Mas apesar desta confiança, nunca poderíamos ter imaginado um sucesso tão estrondoso nem nos nossos sonhos mais loucos. O filme foi exibido em evento da Volkswagen às 23h de segunda-feira, depois postado por Maria Rita. Quando acordamos na terça-feira, todo tipo de pessoa, desde profissionais de comunicação e marketing até nossos familiares, estavam nos enviando nosso vídeo no WhatsApp. Às 7h, a primeira-dama do Brasil postou o vídeo no Twitter, dizendo que a levou às lágrimas.

Acho que houve muitos elementos que fizeram as pessoas amarem o filme. A dupla mãe-filha que os brasileiros sempre imaginaram é certamente o mais forte desses elementos. Mas a canção, considerada um dos maiores clássicos da música popular brasileira, também teve grande papel. Depois há a nostalgia – tanto as cenas que escolhemos como os carros que aparecem no filme evocam um sentimento profundo e poderoso nas pessoas.

Uma das ideias que originaram a produção do filme foi: “Todo brasileiro tem pelo menos uma história com a Volkswagen”. Estamos falando de uma marca que pode verdadeiramente dizer que faz parte da vida dos brasileiros e de sua cultura brasileira. Acreditamos que a partir de agora eles terão outra lembrança. Daqui a alguns anos, haverá pessoas no Brasil perguntando umas às outras: “Você se lembra do anúncio da Volkswagen com Ellis?”

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