Escrito por Luana Maria Benedetto
SÃO PAULO (Reuters) – Os preços ao consumidor no Brasil subiram menos do que o esperado no mês até meados de maio, mostraram dados da agência de estatísticas IBGE nesta terça-feira, uma vez que o impacto das recentes enchentes sobre a inflação de alimentos foi menor do que o inicialmente esperado.
Os economistas dizem que a última leitura da inflação pode aliviar a pressão sobre o banco central para interromper o ciclo de flexibilização monetária em curso.
Os preços medidos pelo índice IPCA-15 subiram 0,44% no período, disse o IBGE, acima dos 0,21% de abril, mas menos do que o aumento de 0,48% esperado por economistas consultados pela Reuters.
A agência de estatísticas acrescentou que a inflação anual desacelerou para 3,70%, o que é ligeiramente inferior às expectativas dos economistas de 3,72% e atinge o nível mais baixo da leitura de meio do mês na maior economia da América Latina desde outubro de 2020.
Oito dos nove grupos pesquisados pelo IBGE registraram aumentos de preços no mês até meados de maio, com saúde e transportes liderando, impulsionados, respectivamente, pelos preços mais altos de medicamentos e combustíveis.
Os números de meados de maio mantêm o índice de inflação do Brasil dentro da meta do banco central, que atualmente está em 3%, mais ou menos 1,5 ponto percentual.
A última leitura foi a primeira a refletir inundações mortais no estado do Rio Grande do Sul no início deste mês, que mataram quase 170 pessoas e afetaram a produção de alimentos no estado agrícola, que é o maior produtor de carne e grãos.
“Num cenário de preocupação do mercado se o Banco Central dará continuidade ou não ao ciclo de redução dos juros, a leitura do IPCA-15 mostra que os efeitos do Rio Grande do Sul ainda não estão pressionando a inflação”, disse o presidente Jefferson Latos. Estrategista na corretora Grupo LAATUS.
Os preços de alimentos e bebidas subiram 0,26% no mês até meados de maio, segundo dados do IBGE, ante aumento de 0,61% no mês anterior.
Helena Veronese, economista-chefe da B.Sides Investimentos, disse que os dados de inflação de meados de maio tiveram uma “composição benigna” e eram consistentes com outro corte de 25 pontos base na taxa de juros na próxima reunião do banco central, em junho.
Mas alertou que a extensão total do impacto das cheias sobre a inflação permanece incerta, esperando-se ainda que surjam pressões adicionais de produtos como o arroz e o trigo.
Os futuros de taxas de juros ainda calculam uma probabilidade de aproximadamente 75% de que o ciclo de flexibilização monetária do banco central brasileiro termine em junho.
A autoridade monetária reduziu a sua taxa de juro de referência em 25 pontos base, para 10,50%, no início deste mês, após seis cortes consecutivos com o dobro dessa dimensão.
Os decisores políticos comprometeram-se a trabalhar para que a inflação regresse ao objectivo de 3% e manifestaram preocupação com o facto de as expectativas de inflação excederem esse nível para este ano e para o próximo.
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