Uma greve nas agências ambientais do Brasil começa a atingir grandes partes da economia

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Uma greve de meses das agências ambientais do Brasil começou a impactar a maior economia da América Latina, com milhares de carros retidos nos portos e dezenas de projetos de energia no limbo.

Desde o início do ano, cerca de 4.000 funcionários públicos de uma série de agências que controlam uma série de actividades – incluindo licenças de petróleo e gás, bem como multas por desflorestação ilegal – pararam o trabalho de campo em protesto contra os baixos salários e as más condições. .

Apesar das promessas do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de fortalecer as agências que enfrentaram dificuldades sob o seu antecessor Jair Bolsonaro, as reivindicações dos trabalhadores incluem níveis de emprego mais baixos e uma falta de recompensas associadas aos riscos que enfrentam ao lidar com crimes ambientais.

A greve ocorre num momento em que o Brasil procura lidar com os custos humanos e económicos causados ​​por eventos climáticos extremos, incluindo inundações históricas no sul.

O impacto mais direto foi um declínio acentuado no número de multas impostas por infrações ambientais, caindo 89 por cento, para 2.000, nos primeiros quatro meses deste ano, em comparação com o mesmo período do ano passado, de acordo com a Ascema, uma associação que representa os trabalhadores ambientais. .

Mas ao entrar no seu quinto mês, a greve começou a afectar vários sectores-chave da infra-estrutura e da economia, que por lei exigem licenças e um selo de aprovação das agências ambientais.

O crescimento nacional geral foi afetado pela greve, disse Juliana Inhas, professora de economia da Universidade Insper, em São Paulo. “Para uma economia que já não [robust]“O cenário é muito problemático”, disse ela.

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A Associação Nacional dos Fabricantes de Automóveis estima que 47 mil automóveis e veículos importados estão nos portos brasileiros aguardando aprovação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama), braço administrativo do Ministério do Meio Ambiente.

O sector do petróleo e gás também foi afectado, tendo sido concedidas apenas três novas licenças de exploração desde o início do ano. O petróleo bruto é o segundo maior produto de exportação do Brasil em termos de valor em dólares.

O Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás, um grupo de lobby da indústria, estima que o governo federal perdeu 1 bilhão de reais (US$ 200 milhões) em receitas fiscais como resultado da greve. O instituto afirmou que as receitas do setor caíram cerca de R$ 3,4 bilhões devido à contração da atividade econômica.

Dezenas de projetos de geração de eletricidade, incluindo quatro usinas termelétricas e três parques eólicos, também foram interrompidos enquanto se aguarda a aprovação das agências, segundo a ASEMA.

“À medida que o trabalho dos órgãos ambientais fica mais lento, as perdas financeiras, políticas, ambientais e sociais são inevitáveis”, disse Kleberson Zavaski, presidente do sindicato.

O Presidente Lula, um antigo sindicalista, apoiou publicamente o direito dos trabalhadores à greve, mas o seu governo até agora não conseguiu chegar a um acordo com os líderes sindicais.

A acção industrial também ameaça manchar os esforços de Lula para projectá-lo como um campeão verde e aumentar o seu perfil internacional como anfitrião da cimeira climática COP30 da ONU no próximo ano.

As taxas de desflorestação na Amazónia caíram sob Lula, depois de terem aumentado acentuadamente sob o seu antecessor, e permaneceram baixas na fase inicial da greve. Durante os primeiros dois meses do ano, diminuiu 63 por cento em comparação com o mesmo período do ano passado.

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Mas a ausência de agentes de campo envolvidos em atividades de comando e controle entre agências – que incluem o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, o Biocentro Internacional, que administra áreas protegidas nacionais, e o Serviço Florestal Brasileiro, que monitora concessões florestais – podem levar a uma maior destruição dos biomas do Brasil, mais uma vez alertaram especialistas ambientais.

“O sucesso do Brasil na contenção do desmatamento em 2023 foi graças ao maior comprometimento dessas principais agências ambientais, e não há dúvida de que sua atual disfunção permitirá o aumento da destruição florestal e da invasão de terras”, disse o diretor do programa Amazon Watch, Christian Poirier.

Capital climática

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